A vanguarda da visualização de dados no jornalismo

Rodrigo Menegat

Depois de terminar o conteúdo desse módulo, espero que você tenha conhecimento suficiente para fazer visualizações de dados atraentes e efetivas. O que cobrimos deve ser suficiente para entender e produzir 99% dos gráficos publicados na imprensa. Entretanto, sempre dá pra ir além.

O campo da visualização de dados – o jornalismo de dados como um todo, na verdade – vive uma fase de efervescência. Usando linguagens de programação e softwares mais avançados, jornalistas e designers estão quebrando regras e redefinindo os limites da área.

Como motivação para você seguir estudando e aprender a fazer essas coisas malucas também, vou listar alguns trabalhos que se destacaram pela inovação nos últimos anos.

The Pudding

O The Pudding é um site independente que se dedica a produzir ensaios visuais sobre temas que vão desde a liga de basquete americana até a desigualdade de gênero. A ideia é que os argumentos do texto sejam apresentados de forma gráfica – e, na maioria das vezes, interativa. Um bom exemplo é essa reportagem sobre a distribuição de clínicas especializadas em aborto no território americano. Ela começa mostrando, de forma geral, quais locais do país são mais distantes desse tipo de serviço. Depois, mergulha nos dados para mostrar detalhes de cidades específicas. É quase um estudo de caso: dentro de uma mesma narrativa, a reportagem consegue passar um panorama amplo e contar detalhes de situações específicas.

The New York Times - Apple’s Value Hit $1 Trillion. Add Disney to Bank of America and… You’re Halfway There

Essa matéria é um exemplo de como, de vez em quando, vale a pena desafiar as convenções. O objetivo do material é simples: mostrar o quanto a Apple é valiosa, mesmo quando comparada a outras multinacionais gigantes. A cartilha diz que comparações de grandezas geralmente são feitas com gráficos de barra ou treemaps. Entretanto, os designers dessa peça preferiram elaborar um interativo que parece… sei lá, uma sopa de gelatina. Funcionou muito bem.

XKCD - A Timeline of Earth’s Average Temperature

Esse cartum está aqui por dois motivos: para deixar Nigel Holmes feliz e para mostrar que é possível ser inovador sem usar muita tecnologia. O XKCD faz tirinhas engraçadas voltadas para o público nerd. Com essa, o site ganhou o prêmio Information Is Beautiful de 2016, um dos mais cobiçados da área de visualização de dados. Pense: os caras ganharam um premião desses com um gráfico-cartum! O mais brilhante aqui é o ritmo: usando o scroll do mouse e anotações detalhadas como ferramenta narrativa, os autores conseguiram ressaltar a dimensão temporal da visualização, o que foi essencial para transmitir a mensagem final com o devido impacto.

The Economist – Reimagine the Game

Tudo são dados, basta medir. Nesse espírito, a The Economist publicou um publieditorial (!) que usa o som da torcida no estádio do Bayern de Munique, time de futebol alemão, para contar a história de uma partida de futebol de maneira inusitada.